sexta-feira, 8 de junho de 2007

Turismo na Amazônia

Organização discute formas de divulgar a região Amazônica como roteiro de turismo
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica pretende lançar 2009 como o Ano Destino Amazônia, e já começa a discutir estratégias para dar visibilidade à região no mercado mundial.
Ministros e autoridades em turismo dos países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) se reuniram domingo (11 de março) em Berlim, na Alemanha. Entre os assuntos em pauta, foram discutidas formas de divulgar a região Amazônica como um roteiro de turismo sustentável.

"A idéia é falar sobre a diversidade da Amazônia e estabelecer destinos turísticos conjuntos entre os oito países da bacia amazônica, não isoladamente cada um, mas uma proposta conjunta, de destinos atraentes para os turistas de diferentes lugares do planeta", explicou a secretária-geral da OTCA, Rosalía Arteaga.

Ela informou que durante a reunião o coordenador de turismo da entidade, Donald Sinclair, fez uma exposição sobre a criação da marca Amazônia. A instituição pretende lançar 2009 como o "Ano Destino Amazônia", e já começa a discutir estratégias para dar visibilidade à região no mercado mundial.

Para Arteaga, o turismo na bacia amazônica poderia fomentar a criação de empregos e a melhoria da qualidade de vida da população. "O turismo é uma iniciativa que pode compartilhar recursos entre diferentes atores dentro de um país e, neste caso, da bacia Amazônica", disse.

Até o mês de julho a instituição espera receber dos países membros uma avaliação sobre os prováveis roteiros turísticos e os problemas de infra-estrutura das localidades.

O encontro em Berlim ocorreu paralelo à Feira Internacional de Turismo e contou com a participação de cinco dos oito países do bloco: Equador, Peru, Colômbia, Brasil e Bolívia. São ainda países membros da OTCA Guiana, Suriname e Venezuela.

Secretário do Acre e secretária do WWF apontam dificuldades de integração na Amazônia

A natureza aproxima, mas as questões institucionais e políticas podem afastar. Essa é a opinião do secretário de Planejamento do Acre, Gilberto Siqueira, especialista em projetos de cooperação, sobre a necessidade da integração e aproximação entre os países amazônicos. Ele comentou a declaração da secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Rosália Arteaga Serrano, de que as questões ambientais não têm fronteiras e, portanto, a integração dos países da região é "um imperativo geográfico".

"O Brasil sempre andou de costas para os vizinhos sul-americanos, principalmente para os da Amazônia", opina Siqueira. "A região sempre foi periferia. Nunca cuidamos do potencial de contribuição econômica, social e científica."

"A Amazônia nunca foi nossa prioridade", concorda a secretária-geral da organização não-governamental (ONG) WWF no Brasil, Denise Hamu. A entidade também tem escritórios próprios na Bolívia, Colômbia e Peru. Um escritório divide as atribuições na Guiana e no Suriname. Na Venezuela e no Equador a representação é feita com outra entidade associada.

Para Hamu, todos os países da Amazônia Continental padecem com problemas de desmatamento, extração ilegal de madeiras, mineração, ocupação desordenada e má-gestão dos recursos hídricos.

Gilberto Siqueira aponta para "problemas parecidos" entre os países, mas vê "diferenças na resolução e na capacidade de controlá-los". Segundo ele, há diferenças na maturidade institucional e na legislação, em alguns países (caso do Brasil) mais rígida.

A questão da "maturidade institucional" é reconhecida por Rosália Arteaga Serrano, da OTCA, que ressalta a dificuldades para os países produzirem dados agregados sobre a região e para fazer monitoramento de seus territórios. O Brasil é o único que conta com sistemas de satélite que acompanham a evolução do desmatamento.

Para o secretário de planejamento do Acre, ainda há dissonâncias e conflitos, como acontece na fronteira do estado com o Peru por causa das diferenças nas políticas de concessão de terra e para extração de madeira. "Mas temos isso aqui dentro do Brasil, entre os estados, como acontece entre o Acre e Rondônia", pondera.

Denise Hamu lembra que as obras de infra-estrutura como a pavimentação de estradas, ligações de gasoduto e a construção de hidrelétricas - a exemplo dos projetos de duas usinas no Rio Madeira (em fase de licenciamento ambiental) -, também são foco de divergência. Recentemente, a Bolívia solicitou que a construção das hidrelétricas no Rio Madeira venha a ser intermediada pela OTCA, diz sua secretária-geral, Rosália Arteaga Serrano.

Além da possibilidade de resolver conflitos e de ser "um instrumento poderoso de integração", a OTCA é reconhecida pela "boa vontade de ouvir a sociedade civil e permitir que ela participem das suas políticas", elogia Denise Hamu, do WWF.

Integração dos países amazônicos é "imperativo geográfico", diz secretária da OTCA

A integração dos países da Amazônia é "um imperativo geográfico". A avaliação é da secretária geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Rosalía Arteaga Serrano. A organização lançou seu segundo relatório de gestão, relativo ao período de novembro de 2005 a outubro de 2006.

Segundo Serrano, as questões ambientais não têm fronteiras e, portanto, os oito países que formam a chamada Amazônia Continental (e que compõem a OTCA) -Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela - devem buscar a integração. Ela explica que a região compartilha recursos e devem buscar soluções para os problemas em comum.

"Nós temos um rio [o Amazonas] cujas águas vêm do longe, das alturas, dos Andes e vão para o mar", comenta. "As águas não reconhecem limites, as águas vão... Em termos de saúde, os mosquitos não reconhecem fronteiras. Se você faz a política de um país para eliminar uma doença, mas não faz no país fronteiriço você vai ter problema." Temos populações indígenas que não conhecem fronteiras como os Ashaninka no Brasil e os Asháninka [muda a entonação] no Peru; temos os Xuar no Equador e os Xuar no Peru. São grupos nômades que estão caminhando", explica.

A Amazônia Continental ocupa 40% do território da América do Sul e tem uma população estimada em 30 milhões de habitantes e um terço da biodiversidade de animais e plantas de todo o planeta. Com cerca de 7,5 milhões de quilômetros quadrados, é a maior extensão de floresta tropical do mundo. Na bacia hidrográfica, que alcança 6,5 milhões de quilômetros quadrados está a quinta parte das reservas mundiais de água doce.

O Tratado de Cooperação da Amazônia foi assinado há mais de 25 anos. Desde de dezembro de 2002, funciona em Brasília a Secretaria Permanente da OTCA. Na avaliação da secretária-geral, Rosália Arteaga Serrano, os últimos dois anos foram fundamentais para montar a estrutura permanente da organização, formar equipe técnica e assim criar meios para tocar 18 projetos estratégicos nas áreas de meio ambiente; saúde; ciência, tecnologia e educação; assuntos indígenas; transporte, infra-estrutura, comunicação e turismo.

Os projetos têm priorizado o monitoramento da qualidade da água, o combate à malária e epidemias nas fronteiras, o conhecimento de experiências que resultaram na preservação do meio ambiente, o controle do desmatamento e o aproveitamento das potencialidades econômicas sustentáveis da região, como o ecoturismo.

No ano passado, a OTCA mobilizou mais de US$ 25 milhões em recursos de diversas fontes, tais como a Agência Brasileira de Cooperação, a Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e os fundos ambientais de países da Europa como a Alemanha e a Holanda.
Sexta, 16 de março de 2007 Fonte: Agência Brasil
http://www.global21.com.br/materias/materia.asp?cod=14600&tipo=noticia

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